Setembro 2025
“A arte do investimento tem uma característica que não costuma ser apreciada. Um resultado admirável, mesmo que não muito espetacular, pode ser alcançado pelo investidor leigo com um mínimo de esforço e capacidade; mas a melhora desse padrão facilmente atingível requer muita dedicação e muito mais do que apenas um traço de sabedoria.”
BEN GRAHAM, O INVESTIDOR INTELIGENTE
Caro Cliente,
Este mês começaremos um novo canal de comunicação com você. Semanalmente o Comitê de Alocação da Moinhos Investimentos (quatro sócios que juntos somam mais de 75 anos de estrada, algumas crises e muito estudo) se reúne para discutir sobre o cenário econômico e geopolítico com o intuito de entender como mudanças (que não são poucas) podem afetar os nossos portfólios. Além disso, avaliamos produtos novos e reavaliamos as nossas carteiras sistematicamente. A ideia agora é trazer para você os principais assuntos discutidos ao longo do mês, para que você se sinta confortável sabendo que estamos sempre de olho e para que não fique aquela sensação de: “será que eu não deveria mudar minha carteira?” ou “será que meu assessor está vendo o que está acontecendo com os Juros? Com o Dólar? Com o Trump?”. Lhe conto, discutimos muito, sempre, sobre os mais diversos assuntos. Agora, isso não quer dizer que vamos correr para lá e para cá. Somos pragmáticos, e nossas tomadas de decisão são baseadas em evidências e em muita análise.
Alocação Doméstica
Além das reuniões internas do Comitê, semanalmente nos reunimos com gestoras de fundos, tanto as que usamos na nossa alocação, quanto novas, com intuito de conhecer novos produtos. No mês de setembro, conversamos com Icatu Vanguarda, Ouro Preto Investimentos, Polo Capital, Itaú Asset, Reach Capital, Armor, Riza, Brave e Ecoagro. Revisões, atualizações e algumas due diligencies foram feitas. Alguns entraram na alocação.
Um dos maiores preceitos do nosso modelo de alocação é não fazer timing no mercado. Nunca acreditamos em “investimento da hora”. A nossa carteira ideal é composta por diversas classes de ativos e dentro dessas classes, diversos produtos, que pelas suas descorrelações, se auto protegem. Assim, dificilmente faremos mudanças de 180 graus ou abruptas. As alterações são realizadas à medida que os ventos mudam, mas sempre olhando e analisando todos os instrumentos e reloginhos. Um desses instrumentos é a identificação de onde na curva de juros estamos, outro é para onde vamos. Essa informação também nos fez acelerar um pouco mais o aumento da exposição a veículos atrelados à inflação (se beneficiam com a queda de juros). Tanto via fundos incentivados quanto via fundos de previdência que possuem títulos IPCA+ na sua composição. Ambos trazem tanto a vantagem estratégica quanto tributária.
Mudanças Tributárias
Como a maioria aqui é brasileiro (e quem não é mas vive aqui também já sabe), nossos políticos são bem criativos na criação de novos tributos e em encontrar formas de dificultar a vida dos empresários. As reformas, que viriam para desburocratizar e que seriam neutras na arrecadação, estão aumentando a complexidade e vindo com um brutal aumento de impostos para o setor produtivo e de serviços.
No âmbito dos investimentos, teremos também diversas novas regras e o Comitê se antecipou com algumas realocações. Mesmo as alterações não tendo sido ainda aprovadas, alguns movimentos nas carteiras já são salutares, como a migração de alguns fundos de investimentos de renda fixa pós fixados para fundos de infraestrutura incentivados e “hedgeados” (protegidos contra oscilações de juros). Dessa forma, se mantem a relação de risco (juros) e se melhora o desempenho final das carteiras.
As mudanças tributárias também estão empurrando investimentos mais pesados em Previdência Privada. As vantagens aqui já eram maiores do que nos fundos 175 (não previdenciários). Agora são incomparáveis. Assim, o Comitê acelerou essa migração de recursos para esse veículo, dentro das limitações também impostas pela MP 1.303.
Ainda na seara tributária e antecipando a tributação dos dividendos (nossos deputados não decepcionam – se você espera a coisa certa), passamos a alertar nossos clientes sócios de empresas sobre o fato (risco) de os lucros de exercícios anteriores poderem ser tributados, sugerindo, quando possível a distribuição dos mesmos.
Alocação Global
Este mês trouxemos novamente a discussão sobre uma possível mudança na nossa forma de fazer alocação global. Hoje fazemos via fundos domésticos com exposição internacional e, na maioria das vezes, em fundos com hedge (proteção) cambial. Esse tipo de veículo nos traz uma grande vantagem dado o cenário de juros brasileiros e americanos que temos neste momento. Além de ganhar a rentabilidade do fundo alocado em USD, o investidor recebe ainda o diferencial de juros entre as duas moedas (menos custos). Todos sabem, o CDI é um bom corredor, difícil de bater. Na maior parte das janelas, nem mesmo o Dólar é capaz disso.
Diante de um cenário doméstico de tanta incerteza e das inúmeras mudanças tributárias, econômicas e da volatilidade do período eleitora que se avizinha, pensamos que poderia ser um momento para repensar a estratégia. As discussões e estudos nos levaram de volta ao caminho de casa. Explico.
Dentre as fontes que bebemos, está o GAAC, Global Asset Allocation Committee da XP. O ponto principal aqui, para não alongar muito a conversa, é que se vislumbra no horizonte um cenário complicado para os EUA. Desaceleração e inflação. Isso posto, o que deveríamos fazer daqui para frente (não há uma pressa nisso, ok?) é reduzir a exposição principalmente à renda variável americana. Além disso, dado todo o cenário de “aversão” do mercado com relação à nova política de taxas do Governo Trump, uma diminuição, ainda que marginal, do valor do Dólar também é esperada. Não só frente ao Real (vamos combinar, não estamos fazendo nada para ajudar), mas frente aos DXY (cesta de moedas - euro, iene japonês, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço). Muito capital saiu dos EUA para estes locais (e outros). Esse movimento fez preço em bolsas de emergentes, bolsa europeia, no ouro, outras commodities e moedas ao redor do globo. Inclusive a bolsa brasileira. Aqui também cabe uma observação importante sobre um tema antigo que está sendo requentado. O Dólar está perdendo seu poder de moeda de reserva internacional? As pessoas buscam uma resposta dicotômica aqui, mas isso não é um filme americano, onde a pessoa ou é malvada ou é boazinha. Está mais para um filme europeu, como diria meu eu radiologista, com tons de cinza e não simplesmente preto ou branco. Ele deve sim diminuir sua importância, mas não por completo. Não agora.
Face ao exposto, decidimos que ainda não é o momento de aumentarmos exposição à moeda norte americana e assim continuaremos a realizar as exposições globais via fundos domésticos hedgeados. Até porque já começamos a ter quedas de juros nos EUA e ainda não por aqui, favorecendo o ganho com o hedge.
Ainda há questões de ordem sucessória que foram importantes nessa decisão, mas isso é assunto para outro momento. A hora chegará.
Na Defesa
“A arte do investimento tem uma característica que não costuma ser apreciada. Um resultado admirável, mesmo que não muito espetacular, pode ser alcançado pelo investidor leigo com um mínimo de esforço e capacidade; mas a melhora desse padrão facilmente atingível requer muita dedicação e muito mais do que apenas um traço de sabedoria.”
BEN GRAHAM, O INVESTIDOR INTELIGENTE
No mês de setembro também acendeu uma luz amarela com a divulgação de dados de aumento da inadimplência rural. Abaixo vemos um gráfico do histórico dessas inadimplências no Banco do Brasil como exemplo. Dessa forma, intensificamos as diligências com os veículos onde alocamos que tenham alguma exposição no setor e, até o momento, não encontramos nenhum problema nos mesmos.
Aproveito esse último comentário para trazer um assunto importante. É muito comum nas assessorias de investimento (comissionadas) que o assessor sugira trocas de carteiras com uma grande frequência. Um investidor que tenha passado por isso pode ficar imaginando que um
assessor (consultivo – fee based) não sugira trocas por não ter um incentivo. Entretanto, como você pode ler neste relatório, debaixo do capô têm muita coisa acontecendo e, muitas vezes, o melhor é realmente não fazer nada. Aqui na Moinhos Investimentos nos orgulhamos de dizer que não mexemos muito nas carteiras justamente porque fazemos um árduo e longo trabalho anterior à alocação. Isso resulta em produtos acima da média do mercado e que temos plena confiança de que eles vão cumprir com o seu papel dentro das carteiras.
E como já comentamos diversas vezes, nossa tomada de decisão sempre foi baseada em evidências. Existem diversos artigos que, de formas diferentes, chegam a uma conclusão comum. As melhores carteiras (performance) são aquelas que menos são alteradas. Claro que isso não nos engessará caso precisemos alterar, vide texto acima, no qual estamos indicando algumas mudanças, mas elas são pontuais, quando de fato necessárias, e nunca a regra.
Por fim, aproveitamos este momento para nos colocar à disposição. Além do contato direto com seu assessor, também estamos aqui para uma conversa. Sinta-se à vontade.
Comitê de Alocação
Moinhos Investimentos
Aproveito esse último comentário para trazer um assunto importante. É muito comum nas assessorias de investimento (comissionadas) que o assessor sugira trocas de carteiras com uma grande frequência. Um investidor que tenha passado por isso pode ficar imaginando que um assessor (consultivo – fee based) não sugira trocas por não ter um incentivo. Entretanto, como você pode ler neste relatório, debaixo do capô têm muita coisa acontecendo e, muitas vezes, o melhor é realmente não fazer nada. Aqui na Moinhos Investimentos nos orgulhamos de dizer que não mexemos muito nas carteiras justamente porque fazemos um árduo e longo trabalho anterior à alocação. Isso resulta em produtos acima da média do mercado e que temos plena confiança de que eles vão cumprir com o seu papel dentro das carteiras.